Vera Lucia da Silva
Head de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Samarco

O mundo foi pego de surpresa com o surgimento do novo coronavírus e nos vimos diante de inúmeros desafios, nos contextos pessoal e profissional. O isolamento social e a consequente necessidade de novos modelos de organização do trabalho fizeram com que as empresas se adaptassem a um cenário inédito, fundamentando suas decisões por seus valores e princípios.

Sem tempo para planejar ou testar, as empresas tiveram que adotar medidas preventivas para os empregados cujas funções exigem a presença física e o home office para as equipes administrativas. Nesse caso, foi necessário implementar melhorias rápidas em tecnologia, mantendo a produtividade e zelando pela segurança e bem-estar.

Logo após a pandemia chegar ao Brasil, a Samarco criou um comitê de crise multidisciplinar para direcionar suas ações, se ajustar às novas necessidades e promover melhorias operacionais. Uma das primeiras medidas adotadas foi o regime de home office para os empregados e contratados das atividades administrativas, empregados acima de 60 anos e grávidas, mantendo-se um acompanhamento permanente em relação à adaptação e condições emocionais desses empregados, o que orienta a implementação de ações preventivas para todo o público envolvido e outras pontuais, de acordo com as necessidades de cada um.

Segundo pesquisa divulgada pelo Google Survey, no Brasil, o trabalho remoto foi impulsionado em 686% entre fevereiro e março. Entre os internautas, 59% não apresentaram dificuldade de adaptação ao trabalho remoto. Nesse sentido e considerando o acompanhamento interno, a Samarco avalia como positiva a experiência, mesmo diante do atual contexto de sobrecarga de trabalho e emocional,  uma vez que o trabalho se soma às tarefas domésticas e ao cuidado com a família ou filhos em casa.

Identificamos na Samarco um aumento da produtividade, alcançado por meio do engajamento e comprometimento dos empregados, bem como da dedicação dos gestores  para reforçar a comunicação, transmitir segurança e tranquilidade às forças de trabalho. Recentemente, aplicamos uma pesquisa para ouvir as percepções sobre esta modalidade de trabalho, necessidades e a individualidade dos empregados, com o objetivo de otimizar e embasar decisões sobre a utilização desse recurso.

Mudança de paradigma

Diante da imprevisibilidade, em um período curto de tempo, as empresas já estão se preparando para as novas relações e formatos de trabalho, refletindo, por exemplo, sobre qual será o momento ideal para que retomem suas atividades no ambiente físico. Muitas mudanças, certamente, vieram para ficar, seja em médio prazo ou até de forma definitiva. Vivemos uma verdadeira mudança de paradigma que nos exige muita reflexão e desenhos de cenários.

Nesse contexto de transformação acelerada pela crise, estamos discutindo a estruturação de dois planos – um visando à retomada do trabalho, alinhada às orientações das autoridades de saúde, sob nova perspectiva, baseada nos impactos reais trazidos pelo coronavírus; e outro, que visa a capturar de forma sistêmica e estruturante, as oportunidades que toda crise traz, especialmente em aspectos como, alocação de recursos, uso de tecnologia, estruturas físicas, dinâmica do trabalho e modelos mentais e traços culturais. Conduzidos pela área de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO), os planos estão sendo construídos coletivamente com profissionais de diversas áreas, e tem como principal premissa garantir a saúde e a segurança dos empregados.

Novo tempo

Em meio a tantas mudanças e incertezas, ainda não conseguimos medir o impacto de tudo isso, mas sabemos que o mundo não será mais o mesmo.  A crise nos trouxe volume significativo de mudanças e rupturas, mas também se apresentou como uma excelente oportunidade para moldar e promover a evolução da cultura organizacional, processo que já estava em curso na Samarco. Um dos maiores desafios deste momento é dar continuidade e sustentação a essa evolução, mantendo o alinhamento com as pessoas distantes fisicamente.  As lideranças, mais do que nunca, terão um papel fundamental em assegurar conexões e fortalecer os vínculos de confiança com as equipes para mantê-las seguras, produtivas e alinhadas ao propósito e valores organizacionais.